A raposa convidou a cegonha para jantar. Serviu-lhe sopa
em um prato raso.
Enquanto presenciava a amiga bicando sem sucesso o
líquido, perguntou: "Parece que não está gostando da
minha sopa!".
A resposta da cegonha foi curta e grossa: "Como posso
gostar se não consigo provar?".
Dias depois, foi a vez da cegonha convidar a raposa para
comer à beira da lagoa. O prato também foi sopa, servida
num jarro largo embaixo e estreito em cima. "Hummmm,
que delícia! Você não acha?", indagou a cegonha,
enfiando o comprido bico pelo gargalo.
A raposa não achava, pois seu focinho não passava pela
boca do jarro. Tentou por diversas vezes e se despediu de
mau humor.
A presente fábula de La Fontaine narra um fato
corriqueiro em nossa sociedade.
O jargão "olho por olho, dente por dente" tem sido atônica
em muitas situações do cotidiano. Recentemente, uma
pessoa me telefonou para falar mal de um amigo em
comum. Quando percebi o veneno que impregnava suas
palavras, ponderei: "Muita estranha e lamentável sua
atitude! Durante muitos anos você parecia tão amigo e
agradecido a essa pessoa e agora profere linguagem tão
rude. Me desculpe, mas não devia ter me ligado para
destratar alguém por quem eu tenho amizade e que merece
todo o meu respeito!".
Ele se calou, pediu desculpas e findou o telefonema um
tanto envergonhado.
O discípulo Pedro perguntou a Jesus: "Senhor, até quantas
vezes meu irmão pecará contra mim, que eu lhe perdoe?
Até sete vezes?". A resposta de Jesus foi: "Não te digo que
até sete vezes, mas até setenta vezes sete".
Será que é fácil colocar em prática esse ensinamento do
filho de Deus? Acho que sim, basta entender sua
profundidade. Amigo leitor, se uma pessoa próxima a você,
por qualquer motivo, passar difamá-lo, inventar calúnias
com o intuito de lhe prejudicar, aconselho-o a orar por esse
companheiro. Quanto mais essa pessoa tentar lhe imputar
mentiras e ofensas, procure rezar ainda mais por ela. A
discussão que levanto não é como passar pela vida sem
sermos vítimas do ódio e da injustiça, mas se vamos reter
ou liberar o perdão. Se não perdoarmos, com certeza
seremos vítimas desse ódio; que mesmo não partindo de
nós, pode nos afetar e contaminar, dependendo de como o
encaramos. Se represarmos as maldades dos outros ao
invés de liberar perdão, acabaremos como prisioneiros da
raiva, da culpa e do pobre sentimento de vingança.
Reflita sobre o que Jesus ainda ponderou: "A decisão de
perdoar é sua, Pedro. Você pode reter o ódio ou liberar
gratuitamente o perdão, por entender que foi pela graça
que você foi perdoado pelo Pai. Não se esqueça de que a
forma como você lida com os outros, retendo o ódio ou
liberando perdão, é que vai manifestar como você
compreende sua relação com Deus e como você espera que
Deus trate suas próprias falhas". (Jorge Lordelho)
Fernanda Capez Linda Gordinha de Proagrama RJ
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